ACatedral da Sé de Belém do Pará liga sua história à própria história da capital paraense. Ela foi a primeira igreja construída de toda a Amazônia brasileira, levantada provisoriamente dentro do Forte do Presépio, em 1616, no ano da fundação de Belém, e dedicada à Nossa Senhora da Graça. Poucos anos depois foi transferida para uma modesta construção de taipa no atual Largo da Sé.
Já no século XVIII, em 1719, quando a diocese do Maranhão foi desmembrada e a capital do Pará passou a sediar a sua própria diocese, a Matriz ganhou direito e honras de Sé Episcopal. As obras da atual edificação tiveram início no ano de 1748. Data dessa época a planta geral da igreja que podemos apreciar nos dias de hoje, além dos níveis inferiores da fachada, incluindo o portal principal, de feição barroca e estilo pombalino. Em 1755, a direção das obras foi assumida pelo arquiteto bolonhês Giuseppe Antonio Landi (1713-1791), que terminou a fachada, acrescentando as duas torres e o frontão, sendo a construção totalmente concluída em 1782.
Na segunda metade do século XIX, no entanto, o então bispo Dom Antônio de Macedo Costa implementou uma radical reforma da Catedral da Sé. As intervenções no templo estiveram ligadas às diretrizes provenientes de Roma. Comprometido com os ideais de Pio IX (1792-1878), o bispo procurou imprimir um severo controle das liturgias e práticas religiosas na Amazônia. Em 1882, por exemplo, ele decidiu que a procissão do Círio sairia da Sé, ao invés do palácio do governo, como ocorria tradicionalmente. Tratava-se da tentativa de aproximar o catolicismo brasileiro dos ideários reformadores de Roma, conhecido também como romanização e que teve ampla implicação no campo das artes.
Dom Macedo Costa iniciou o projeto de reforma da Catedral da Sé ainda na década de 1860, ao encomendar ao arquiteto italiano Luca Carimini a construção de um suntuoso altar em mármore em Roma para ser colocado na abside da igreja. Já para a decoração, o bispo trouxe para Belém obras de artistas renomados dos círculos romanos, como Pietro Gagliardi, Silverio Capparoni, Melchior-Paul von Deschwanden, Giovanni Capranesi e Domenico De Angelis, que atuou diretamente na decoração, concluída em 1892. A ideia do bispo era colocar a antiga Catedral da Sé no mesmo patamar das igrejas reformadas por Pio IX durante seu longo pontificado. Porém, sua iniciativa teve consequências para além disso, pois acabou por estreitar as relações artística e culturais entre o norte do Brasil e a Itália.