Casa de Plácido

Asolidariedade costuma ser estimulada e revigorada nas festas religiosas, sendo essa uma característica nítida no Círio de Nazaré, em Belém, especialmente quanto ao apoio aos devotos, que empreendem esforços tidos como sobre-humanos no agradecimento por graças alcançadas, como os chamados promesseiros da corda.

Das formas de pagamento de promessa consideradas mais sacrificantes, no período do Círio, têm se destacado as peregrinações realizadas principalmente por devotos de cidades do nordeste paraense, que, a pé ou de bicicleta, se dirigem à Basílica Santuário de Nazaré, necessitando, para tanto, do acolhimento que pessoas e grupos realizam no percurso.

Percebendo a crescente frequência dessas peregrinações, a maioria realizada em grupos, a Basílica Santuário de Nazaré empreendeu uma campanha de doação, entre os fiéis, para a construção, em seu entorno, de um lugar de acolhimento inicial aos peregrinos, a Casa de Plácido, inaugurada em 2009. Com mil metros quadrados, o espaço possui, entre outros, banheiros, ambulatório, refeitório e área para repouso, atendendo cerca de 80.000 pessoas. As equipes de voluntários oferecem serviços como curativos, massagens e preparação de refeições.

Personagem fundamental no mito que explica a origem da devoção nazarena em Belém, Plácido José de Souza é considerado o homem que, por volta de 1700, encontrou a imagem da santa, às margens de um igarapé, que se localizava nas proximidades da atual Basílica Santuário de Nazaré.

Segundo a lenda, ele a levou para a sua casa e se surpreendeu com o seu desaparecimento, reencontrando-a no local do achado, fato que se repetiu diversas vezes, até ele compreender que deveria construir ali um abrigo para a imagem, lugar que passou a atrair pessoas por devoção e por curiosidade.

O Círio é considerado um ritual que reforça, a cada ano, a narrativa do achado da imagem, o que nos permite afirmar que a Casa de Plácido simboliza o caráter acolhedor daquele que acolheu não apenas a imagem, como também os devotos, os quais, em número sempre crescente, passaram a visitá-la.